Espiritualidade

Xangô – Awó o mistério dos orixás

Xangô:

É considerado um orixá divinizado em razão das lendas que contam sua origem.

Dizem que Oduduwá teve um filho, Ocambí. este teve 7 filhos que, depois de sua morte, dividiram entre si a herança. O sétimo Oraniã, recebeu a terra e tournou-se rei de Oyó. Ele teve com Yemanjá, 3 filhos: Ajaká (também chamado de Dadá), Xangô e Xapanã.

O primogênito, Ajaká, pacífico demais, reinou muito pouco tempo; logo Xangô afastou-o do trono e tornou-se rei de Oyó – Alafim Oyó. Após um reinado tumultuado, ele, que era violento e brigão, desapareceu misteriosamente.

Xangô é o deus do trovão, das tempestades, do raio; quando ele está com raiva, lança chamas pela boca e incendeia casas:

” Inön gori ilè njô latofá Eledun eneá bajé” O fogo sobe pela casa. Dono da pedra que mata.

Em sua sacola (labá) Xangô guarda as pedras do raio, edun ará (machados neolíticos), que lança sobre os que o ofendem. Quando o relâmpago cai sobre a terra diz-se que essas pedras caem e ficam enterradas por 7 anos, antes de voltar à superfície.

Xangô ama a boa comida e a abundância; é cruel, viril, atrevido e gozador:

Antes de Xangô aparecer, existia um culto mais antigo ligado ao sol, o culto de Jacutá. Esse orixá simbolizava a justiça. a lei, a boa ordem e protegia os inocentes. Embora tivesse um caráter turbulento e violento, Xangô passou a suplantar Jacutá, os dois ficaram confundidos e as características do mais antigo foram assimiladas por Xangô. É a ele que se recorre quando há contestações, controvérsias, processos:
Xangô lu ekê pá
Babá tenu mó rê
Obá gbó
Obá dé
Obá jibi

Ekùn tofoju tanã Ele mata o mentiroso.

Pai que impõe o direito.
O grande Rei.
O rei maduro.
O rei poderoso.
Leopardo com olhos de fogo.

Xangô adora o vermelho, as nozes de cola orobô (Garcinia gnetoides, Guttiferae), os galos vermelhos e os carneiros com chifres grandes.Pode-se tentar refazer a genealogia dos Alafins de Oyó. Oduduá teve 3 filhos: Ogun, Obalufõ (pai de Alayemorê) e Oraniã. Este teve 3 filhos com Iamassê: Ajaká (pai de Aganju), Xangô e Xapanã. Com a morte de Oduduá, Obalufõ tornou-se rei. Seu filho, Alayemorê, lhe sucedeu. Oraniã tirou-o do trono e tomou o poder. Após sua morte, seu sobrinho, Aganju, lhe sucedeu. Afonjá, descendente de Xangô, apareceu bem mais tarde.

No Brasil, distinguem-se 12 Xangôs:

  • – Ajaká: mais chamado de Dadá
  • – Airá Intilê: veste branco e azul claro. Come pouco dendê. Carrega Oxalá nas costas.
  • – Airá Igbonã: É o fogo vivo. Veste branco, azul claro ou rosa claro, e leva um oxé de prata.
  • – Airá Mofé: Veste só branco e não come dendê; dança coberto com pano branco. carregou o tesouro que Xangô deu como indenização do tempo de cadeia de Oxalufã.
  • – Jacutá: leva um oxé de madeira.
  • – Ogodô: leva dois oxés, é dono do pilão.
  • – Obalubê: não desce; acompanha Bayani na procissão de Yamassê.
  • – Baru: Violento. Não come quiabo: seu amalá é de folhas de língua-de-galinha, e come perto do fogo aceso. Veste couro, roupa escura, pele de leopardo, e leva um oxé de madeira; é ligago á Iroko.
  • – Obakossô: rei do morro de Kosso, perto de Oyó.
  • Existe uma dúvida sobre a personagem de Obakossô, cujo nome seria um título de Xangô. Kosso é um morro situado ao lado da cidade de Oyó. Oba kosso quer dizer: rei do morro que domina Oyó. Por outro lado, quando Xangô desapareceu, contou-se que ele teria se enforcado num acesso de raiva. Seus seguidores desmentiram essa história, dizendo: “Obá Kosso”, o rei não se suicidou.
  • Não se pode esclarecer a verdade.
  • – Olorokê: ligada a Irokô; veste branco;
  • – Afonjá: ligado a Irokô. Leva armas douradas: um oxé e uma lança.
  • – Aganju: veste-se de vermelho e branco, ou vermelho e amarelo. Leva uma lança com coração na ponta e um oxé.

Fonte: Livro Awó – o mistério dos orixás, 2ª edição de Gisele Omindarewá Cossard

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